quarta-feira, 29 de maio de 2013




Hoje vem jantar a minha casa um casal amigo, ele trabalhou comigo em Lisboa e quando casou com ela ficamos amigas. 
Ele foi meu colega de trabalho durante 2 anos, foi a pessoa que entrou para o serviço no Hospital depois de mim. Lembro-me que quando foi a primeira entrevista me ter dito que trabalhava numa empresa em Lisboa, na qual já estava efectivo e ganhava bem, mas que continuava com o sonho de trabalhar na área dele. Lembro-me também que na mesma altura tanto eu como os meus colegas lhe dissemos para pensar bem, pois a nossa área não é assim tão estável e que nos dias de hoje temos de nos preocupar mais com ganhar pão para comer do que em realizar sonhos. 
Ele acabou por me contar também que iria casar na semana a seguir, que antes de surgir aquela oportunidade já tinha tudo combinado e após poucos meses descobriram que iam ser pais. Nisto o meu colega andou sempre a contratos, acabava contratos ia um mês para casa e depois voltava. 
Até que neste mês, na passada Sexta-feira, veio para casa de férias e não sabe se vai voltar porque ao contrário das outras vezes ninguém lhe diz nada. 
Custa-me saber que ele tem um casa para pagar, uma filha para criar e não faz a mínima ideia de como será o dia de amanha. Gostava mesmo muito de conseguir ajudar, até porque a filha dele já se tornou numa sobrinha para mim. Custa muito perceber como as pessoas estão sem esperança de um futuro, sem certezas de nada. 
Sempre que me perguntam se não gostava de ter um filho, respondo que sim, gostava mesmo muito, mas não sou egoísta ao ponto de nem saber se o posso criar em condições. Nunca fui muito apologista do tudo se cria, não acho que seja bem assim. E fico cada vez mais triste porque historias como a do meu colega ouvem-se as centenas hoje em dia. É triste a realidade há qual chegamos. 

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